terça-feira, 27 de abril de 2010

REMEMBERING: O Gato Felix


Lembrando deste querido "amiguinho" que já nao via há muito e de suas (singelas) aventuras... Um gatinho bem feliz...
Incrível pensar que há poucos meses encontrei entre minhas coisas uns carimbinhos do Gato Felix e de sua turminha, que tinha quando era pequeno... Adoro esta simplicidade, nao só do desenho como também do "conteúdo"... Como o mundo era ingenuo!
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sábado, 24 de abril de 2010

Viúvas (menos e mais) alegres: revisitando uma Opereta.

Minha relação com „A viúva alegre“ (Die lustige Witwe) é muito especial, até sentimental…
Nos anos 80, quando dancei no Theater an der Wien, lembro-me muito bem de uma maravilhosa “Hannah” (a viúva): Mirjana Irosch, um soprano austríaco de origem jugoslava.
“Frau” Irosch estava perfeitamente no seu elemento nesta opereta e, por assim dizer, no ápice de sua carreira. Naquela curta fase em que uma artista “desabrocha” por completo, no momento em que a beleza chega à sua fase mais resplandecente (Ela foi uma mulher de singular beleza e charme) e que a voz e a técnica alcançam uma maturidade antes não ouvida… Um belo momento. Curto porém muito belo! Eu estava lá. Presenciando todas as noites este milagre que acontece no palco chamado magia.

Lembro-me de ficar parado na coxia, noite após noite, ouvindo-a cantar “Vilja” reticente, como que envolvida num sonho, como num pensamento, como no espaço entre duas virgulas. Eu sentia-me completamente fascinado com aquela voz, com aquela presença cenica… eu me “recolhia” no escuro da coxia e gozava aquele instante. Seis vezes por semana… Ficava exatamente como no texto de uma musiquinha antiguinha de Rita Lee: “No escurinho do cinema, chupando drops de anil, longe de qualquer problema. Perto de um final feliz…” (Desculpem-me esta mistura tao eclética entre Franz Lehár e Rita Lee… mas não resisti!).

É exatamente esta qualidade que hoje em dia falta em “Witwe”. Novas produções aparecem contínuamente mas, apesar desta viúva ter passado a ser residente dos palcos “de Ópera”, o que ela realmente necessita são menores “salas”. A produção de 2000 no Metropolitan foi um fracasso. O tamanho do palco “comeu” a Opereta. Esta Viúva foi e é ainda uma criatura para palcos mais populares, na essencia da tradição da Opereta (A “mãe” dos Musicais)

Composta pelo austríaco Franz Lehár ,“Witwe” (A Viúva) estreiou em 1905 no “meu” Theater an der Wien aqui em Viena (Cliquem no arquivo aqui à direita e vejam minhas postagens de 09.04.2010 e de 28.08.2009 – que sorte tive de aparecer na “Viúva” no teatro onde estreiou mundialmente! ) e sua primeira “Hannah” foi um soprano chamado Mizzi Günther! Logo a obra foi traduzida para o ingles e estreiou em Londres com Lily Elsie (adoro este nome!).
De lá foi só um “pulo” para a Broadway. E em pouco tempo “A viúva” se alastrou pelo mundo (conta-se que em Buenos Aires em 1907 cinco produções em 5 diferentes idiomas estiveram em cartaz ao mesmo tempo!). Foram feitas certas adaptações (inclusive em Londres foram adicionadas duas novas músicas) mas a versão original ainda é a da língua alemã!

“Witwe” não tinha uma Ouverture. Lehár a compos 35 anos depois da estréia para a Filarmonica de Viena tocar no seu próprio aniversário de 70 anos em 1940!

As tres versões cinematográficas (todas da Metro) foram só muito longínquamente baseadas no original…
A primeira de 1925 (Imaginem um Opereta como filme mudo !) foi dirigida pelo genial, intelectual, complicado, temperamental e neurótico (austríaco) Erich von Stroheim (lembram do Chauffeur de Norma Desmond em “Sunset Boulevard”? Voilá !).

Ele transformou « Hannah » (que tinha um passado pobre, de camponesa) numa « bailarina » chamada Sally O’Hara ( !?!) e ex-prostituta (muito para o desgosto do produtor, o menino prodígio da Metro, Irving Thalberg e para a ex-atriz da Broadway, Mae Murray, aqui no seu único trabalho cinematográfico que foi relacionado à palavra “Arte”). As cenas de orgia são até hoje bastante fortes visualmente. Diz-se que Franz Lehár « was not amused ».
Mesmo assim o público adorou a “Valsa” e esta foi a única razão deste filme ter tido uma boa bilheteria… A orquestra tocando alguns pedaços da partitura original! O filme consolidou porém a fama de John Gilbert – que interpretava “Danilo” – como símbolo sexual!
A segunda versão, só alguns anos mais tarde (1934) com Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier também tem pouco que ver com a estória original e (apesar de todo meu respeito por Miss MacDonald) é na realidade chatérrima (interessante notar-se que o personagem pivot de « Valencienne » simplesmente sumiu nas tres versões !), possui porém um “Grandeur” e uma fotografia de dar inveja a jovens cineastas. Sim, o “segredo” do preto-e-branco e de inventivos truqes que foram completamente perdidos depois dos anos 40… Aqui Jeanette numa foto que considero simplesmente linda! Uma de suas melhores! A direção desta vez foi mais “clássica”: Ernst Lubitsch.
A terceira (MGM, 1952) é a pior das tres. Lana Turner (um “desafeto” cinematográfico meu) não cantava, seus (reduzidos) números foram dublados…

Esta produção só teve dois pontos positivos: Fernando Lamas provou que podia cantar (e muito bem por sinal) e na cena de Can-Can no “Maxim’s” (no original existe uma réplica do Maxim’s na casa de Hannah) o grupo de bailarinas é liderado por ninguém mais nem menos do que a fabulosa Gwen Verdon (Vide minha postagem de 23.04.2009) dançando loucamente! Quanta energia! Uma maravilha!

E falando-se em dança, devemos comentar que vários Ballets foram feitos sobre “A viúva alegre” e, senão me engano, o primeiro foi coreografado para Alicia Markova e chamou-se “Vilia”.

Lembro-me de Fonteyn dançando “The merry Widow”, que foi coreografado em 1975 por Robert Hellpman para o Australian Ballet, mas nunca ouvi nem detalhes nem críticas sobre ele!
Até Maurice Bejárt fez uma versão em 1963 que desapareceu e a linda Patricia MacBride e Peter Martins dançaram numa esquecida versão feita para a televisão em 1982.

Em 1980 falou-se muito de um projeto, precisamente de um filme, sobre “A Viúva” com Julie Andrews e Placido Domingo. Que pena este projeto nunca ter-se concretizado!

Elizabeth Schwarzkopf , uma das mais lindas "pequenas vozes" do século passado, nunca deu vida à „Hannah“ nos palcos. Gravou porém uma maravilhosa “Witwe” que é até hoje vendida. Aqui uma interpretação concertante de « Vilja », minha parte favorita… Recostem-se, coloquem os pés para cima e deixem-se levar… com Schwarzkopf, com a melodia… Lehár at his very best!
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Danielle querida, para voce! Sua sugestão desenvolveu-se e virou esta postagem! Obrigado!

terça-feira, 20 de abril de 2010

REMEMBERING: The Cat Concerto (e um Oscar de 1947)


Uma vez ouvi alguém dizer: “Na Alemanha não existe cultura gastronomica”. Discordo profundamente. Não que goste ou aprecie de alguma forma o que os alemães bebem e comem mas esta É sua Cultura.
Isto me lembrou hoje de uma forma Arte, de uma expressão cultural que é muito menosprezada aqui nas «nossas» Tertúlias de cada dia: a Animação! Quero também dedicar-me à ela no futuro. Não sejamos "Snobs".
« The Cat Concerto » foi produzido pela equipe de Hanna-Barbera na Metro em 1946 e ainda nos fascina. Pensem em épocas em que cada um dos 24 fotogramas por segundo era desenhado e pintado À MÃO!!!!!!!! Mesmo em eras tão incríveis em termos de animação, como a nossa atualmente, ainda admiro demais este trabalho artesanal, de semanas, meses, feito por grandes equipes e tudo isto para alcançar alguns minutos de “filme”. Arte. Eterna.

Em 1947 “The Cat Concerto” não só chamou a atenção da crítica e do público como também recebeu um Oscar (Melhor "Curta")! Sim, um premio da Academia que ajudou, junto às façanhas de Walt Disney, a elevar mais esta forma tão desprezada de Arte cinematográfica. Tertuliemos sobre isso...
Lembro-me das famosas Matinées do Cinema Metro de Copacabana – sempre no primeiro Domingo do Mes – e de assistir os “Festivais Tom & Jerry” lá, sentadinho em cadeiras que eram imensas para mim, depois de ter entrado pisando naquele tapete fofo e alto que nos causava a impressão de estar andando sobre nuvens… envolto no escuro daquela sala cheia de magia com o melhor ar condicionado que já experimentei na minha vida!
Penso como o próprio Liszt desfrutaria de sua “Rapsódia Húngara” (aqui óbviamente cortadíssima) se pudesse assisir este “curta”!

Divirtam-se! Uma obra prima!

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Gershwin: Our Love is here to stay

Após minha volta de Paris, depois do meu aniversário, aconteceu um fato curioso… era como se eu quizesse a qualquer preço segurar o tempo, não deixar que passassem aqueles bons momentos, aquelas quentes recordações… O que mais natural do que recomeçar a ver filmes “passados” em Paris? Qualquer imagem do Arco do Triunfo ou da Praça da Concórdia me prendia… Vieram “Sabrina”, “Charade”, “Love in the afternoon”, “Funny Face”, “Paris when it sizzles” (pareceu-me até que Audrey Hepburn só fazia filmes passados em Paris!), “The last Time I saw Paris”, "O Arco do Triunfo",“Gigi” e finalmente “An american in Paris” (curiosamente chamado no Brasil de “Sinfonia em Paris”!).
Num devido momento voltaram memórias ainda muito mais antigas… que andavam em algum lugar, esquecidas... Tempos da dança… Conhecidos reunidos em frente à uma daquelas imensas (e profundas) televisões à cor dos anos 70 que ocupavam um enorme espaço, assistindo o filme. Por um único motivo: O Ballet final! Alguns pela primeira vez. Eu já tinha-o descoberto muitos anos antes no extinto “Cinema I” de Copacabana. Muitos maravilhados com as pernas e extensões de Caron, outros com a forma viril, dinamica de Kelly, outros com o sapateado.

“Minha” cena preferida apareceu então na tela… Filmada num estúdio da MGM, simbolizando a margem esquerda, a "rive gauche", do Sena na altura entre Notre Dame ae a Isle St.Louis, e com aquela simplicidade absoluta dos grandes trabalhos, Leslie e Gene dançaram apaixonadamente ao som de “Our Love is here to stay” (por sinal última composição inacabada de George Gershwin: seu irmão Ira Gershwin escreveu o texto e um de seus melhores amigos, o pianista Oscar Levant- que também aparece neste filme – acabou a composição de “Our Love”. Que sorte a nossa!).

Um trabalho magnífico com aquela simplicidade dos sentimentos delicados, vulneráveis. A coreografia de Gene transmite precisamente isso e mostra mais uma vez o fenomeno da economia dos gestos para alcançar um efeito profundo, um "insight".
Estes conhecidos do Ballet da época admiraram-se com meu gosto simples.
Será que admirariam-se ainda hoje ao saber que este número está entre os meus cinco prediletos de Hollywood ?

Resumindo: um daqueles números inspiradíssimos, no qual a música, o texto, a coreografia, o cenário, as cores, a camera e os intérpretes se "casam" perfeitamente!

E, ainda por cima, o texto diz tudo…

Ah, a simplicidade de AMAR!

It's very clear, our love is here to stay
Not for a year but ever and a day
The radio and the telephone and the movies that we know
May just be passing fancies and in time may go

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But oh, my dear, our love is here to stay
Together we're going a long, long way
In time the Rockies may crumble, Gibraltar may tumble
They're only made of clay
But our love is here to stay

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Theater an der Wien: campanha publicitária, memórias e história...

Adoro a campanha publicitária do „Theater an der Wien“. Que efeitos. Com estas faces para cada Òpera, a campanha tomou um ar mais “pessoal” como que dando à qualquer das obras sua própria personalidade em termos visuais, seu próprio “rosto”. Aqui um cartaz adornando a rua em frente do meu escritório… Muito especial: “Die Besessenen” (“Os Possuídos”).
O Theater an der Wien foi a primeira “grande” Ópera de Viena e hoje em dia é sua Ópera mais nova (traduzido como „Teatro no Viena“ por que o „Wien“, que na realidade é feminino e aqui está declinado, era um rio, que hoje em dia está canalizado… este teatro está situado na sua antiga margem esquerda… A “Linke Wienzeile”).


Sua construção foi inspirada pelo grande sucesso de „A Flauta mágica” de Mozart, que tinha estado em cartaz em 1791 num teatro, que já não mais existe, chamado “Freihaustheater”. Sim, Viena necessitava uma Ópera maior.
Finalizado em 1801 em típico “Empire”, ele é hoje em dia muito diferente do que foi originalmente, tendo passado por incríveis transformações arquitetonicas nestes últimos 209 anos. Sua única faixada original e preservada é a chamada “Papagenotor” ao seu lado direito na “Millöckergasse”. Neste pequeno prédio lateral viveu Beethoven entre 1803 e 1804 enquanto compunha “Fidelio”, que aliás estreiou no “an der Wien”. Detalhe: até hoje ainda existe nesta vizinhanca um restaurante que Beethoven frequentava (Uma Taverna) e que se chama "Ludwig van"...
Aqui estreiaram trabalhos de Beethoven como a Eroica (Terceira Sinfonia) em 1805 ou a Quinta Sinfonia, Operetas como “O Morcego” (Die Fledermaus) de Strauss e algumas outras de Lehár, inclusive "Die lustige Witwe" (“A viúva alegre”).
Depois da Segunda Guerra Mundial o “an der Wien” abrigou o “Ensemble” da “Staatsoper” que estava completamente bombardeada. Sob a direção do fantástico Karl Böhm aconteceram neste palco legendárias performances de obras de Mozart.
Karl Böhm, era também o pai do ator Karl-Heinz Böhm, conhecido no Brasil principalmente pelos filmes de “Sisi” no qual interpretou o Imperador Francisco José e pelo fotógrado – assassino de pobre Moira Shearer – no cruel filme de “culto” “Peeping Tom”.

Até hoje a melhor acústica da cidade o “an der Wien” foi “pivot” principal para construir incríveis carreiras e (as por mim chamadas) "pontes" internacionais. Entre elas a de uma linda porém “pequena voz”, que jamais teria sido tão notada e prezada como a do maravilhoso soprano Elizabeth Schwarzkopf que, até o final de sua carreira, tinha dois lares no mundo da Ópera: Viena e Covent Garden.

Saudades de ter trabalho nesta casa nos anos 80. Tempo gostoso, produtivo.
Aqui uma foto com a bailarina Laura Edmunds, os dois cansados na festa depois da Premiére de “Die lustige Witwe” (“A viúva alegre”): Época em que toda minha vida estava dentro de uma bolsa com as coisas do Ballet e em que flores significavam agradecimento...

Minha amiga, a bailarina Gloria Costa (com quem voltei a ter contato pela Internet – que coisa boa!) tinha-me falado do “an der Wien” anos antes, ainda no Brasil, durante as aulas de Eric Valdo. Ela tinha trabalhado aqui nos anos 70. E nos reencontramos, primeiro no mundo “virtual” exatamente por causa de uma postagem que fiz sobre um ballet que dancei nesta casa (vide minha postagem de 28.08.2009).

O Theater an der Wien passou por uma fase de “musicais” durante a qual sua acústica foi “desperdiçada” para cantores que só cantavam com microfones. Hoje, voltou ao seu esplendor de “Opera House” e junto à “Staatsoper” e à “Volksoper” compõe o “trio” de Óperas que temos em Viena.

Como mencionado no início da postagem, aqui algumas das “faces” de seu repertório. Lindos trabalhos gráficos que realmente presenteiam uma “personalidade” à cada Ópera! Geniais! Marketing at its very best!
Orfeo ed Euridice,

Il Turco in Italia,

Fidelio,

Iphigénie en Tauride,

Pelléas et Mélisande,

Ariodante,

Messiah,

Tancredi,

Intermezzo,

The rakes's progress

e o meu predileto: Die Besessenen (Os possuídos)

sábado, 3 de abril de 2010

April in Paris... Ella Fitzgerald e eu... Um dia especial...

Já que hoje é meu aniversário, estou "fugindo de Viena", fazendo as malas, indo para Paris para celebrar uma data que não sei se é para celebrar! Mas, what the hell... vamos celebrar sim... Hoje eu quero celebrar... Já não o faço há anos! As 14.30 hs deveremos estar lá...

Penso num esquecido filme de Doris Day (que aliás faz também aniversário hoje como faria Marlon Brando se estivesse vivo... ).

Penso em quadros com mercados e flores.

E em Leslie Caron e Gene Kelly num deles em "An american in Paris".

Hoje à noite jantaremos num Bateau Mouche. Uma surpresa da qual ninguém ainda sabe... Mal posso esperar pelas luzes da cidade nos involvendo... A música nos levando... e pelo Foie gras!!!!

Sim... Estar em Paris, esta cidade que é em si uma obra de arte, com pessoas que amo, dias livres para passear e ficar observando "la vie parisienne" e NENHUM compromisso... só tempo para conversar, beber intermináveis cafés (au-lait?), comer croissants e marron-glacé naquela confeitaria da Place de la Madeleine, fazer umas compras, curtir museus, parques e o "Rive gauche" (onde nosso hotel está situado e quem sabe ver Mlle. Caron que mora por lá? Ía no domingo de páscoa comer no seu Aubérge 100 km ao sul de Paris mas ela colocou-o à venda... está fechado... que pena) e, por que não, curtir um pouco esta cidade "à la americaine". Numa boa tradição dos anos 50! Para isto preciso porém de Ella Fitzgerald. Ella, minha Deusa, o palco é seu... Cante para mim, para nós hoje!

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