sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cyd Charisse, Gene Kelly e amizades & decepções: It's always fair Weather...

Quem assistiu „On the Town“ (Um dia em Nova Iorque, MGM 1949) deve ter-se perguntado alguma vez: “E o que aconteceu com estes tres marujos durante e depois da Guerra?”
A Metro pensava em produzir “It’s always fair Weather” como uma continuação de “On the town”, inclusive pensando em usar os tres atores principais de “Town”: Gene Kelly, Frank Sinatra e Jules Munshin.


Depois da Guerra tres “camaradas” fazem um pacto para reencontrarem-se dez anos depois…
Esta é a linha principal do roteiro de “Fair Weather”.

Um filme razoávelmente esquecido, ele reune os talentos de Kelly, Michael Kidd (numa rara aparição cinematográfica) e o veterano Dan Dailey (ainda em grande forma) como os tres “marujos”,


Dolores Gray (que não teve realmente a carreira que merecia pois a era dos musicais chegava ao final e o trabalho de uma “belter” não era, na época, requerido fora do cinema musical. Estávamos ainda “anos luz” de Streisand e Minnelli)


e a magnífica Cyd Charisse, aqui num papel relativamente pequeno com um único número de dança… Fato este que nunca realmente compreendi… (Charisse vinha na época de recentes aparições de muito sucesso em “The Band Wagon”, “Deep in my heart” e “Brigadoon”, tres filmes de 1954 nos quais ela mais uma vez provou seu grande talento! Charisse ainda tinha reservadas para seu futuro maravilhas, jóias cinematográficas como “Silk Stockings” com Fred Astaire, mas esta é uma outra estória)


Concebido pelos magníficos Betty Comden e Adolph Green (responsáveis por “On the Town”, “Singin’ in the rain” entre tantos outros) o filme não poderia ter melhores credenciais. Mais uma vez Kelly co-dirigiu um filme ao lado de Stanley Donen – que vindo de sucessos como “Seven Brides for seven brothers” não estava realmenre muito interessado em dividir os créditos do filme com Kelly).

“Fair Weather” é um filme que passa uma certa “desilusão” com a vida: os tres companheiros de “antes” se encontram dez anos depois só para perceber que nada mais tem em comum… sómente a desilusão com a vida.

É exatamente este o tema principal do filme: como o tempo transforma as amizades

Não estou 100% de acordo - tenho muitíssimos amigos, sinceros, queridos, de toda uma vida - mas tenho que admitir que às vezes isso acontece… semana passada percebi esse fato numa "ex-colega" do “científico”… pessoa que se chamava minha "amiga" - apesar de eu nunca te-la realmente considerado assim. Existem pessoas amarguradas, insatisfeitas – talvez até pelo próprio visual, pelas "personas" obesas e feias em que se transformaram – que só sabem ser invejosas e "esborrifar" veneno… Que falta de psicologia - rsrsrs (she'll understand that) levar a vida assim!!! Tenho pavor de inveja! Pois quem a tem destroe a si mesmo! Lembram de sallierei? Not necessary to say que a infeliz não mais faz parte do meu círculo de conhecidos... Cortei-a da minha vida. Destas pessoas me distancio! E tenho coragem de admití-lo!

Bem, de volta ao filme: uma cena fantásticamente desilusionada (sorry... correction: desiludida... desilusionada é castellano...) reune os tres amigos, que (no filme) já haviam cantado sobre serem amigos até a morte, numa canção que descreve a decepção de estarem juntos no presente…

O melhor porém é que cada um, reconhecendo que os dois outros não são o que ele esperava, percebe em si mesmo que ele também não se transformou na pessoa que um dia quiz ser… Decepções…
Esta agussada percepção cínica transforma este “musical entertainment” num filme bem mais “escuro”, bem mais “negro”, bem mais “desilusionado” (correction: desiludido) do que a maioria dos musicais da Metro.

Mas o filme tem momentos de puro “joy”. Gene Kelly sapateando sobre patins de roda (será motivo de uma futura "tertúlia”),


os tres marujos dançando desenfreadamente na rua e sapateando com tampas de latas de lixo presas nos seus pés e a magnífica Dolores Gray, numa incrível crítica à televisão, como uma apresentadora canastrona, exageradamente piegas e nada sincera do programa “Midnight with Madeline”: o cliché da televisão ao vivo, dos programas “verdade” da época… só que 57 anos depois a televisão ainda é a mesma coisa… pensem nos talk-shows, pensem da TV Globo aos U.S.A.!!! Incrível… Nada mudou!


Para mim porém o melhor momento musical do filme é quando Charisse sobe a um Ring de Box para dançar “Baby, you knock me out”.
Momento maravilhoso, apaixonante de um musical inesquecido.
Charisse hipnotiza com tanta classe, energia, técnica, talento…
Ela ainda é, e sempre sera, a minha “rainha” do musical…
Um real “Nocaute”, como se dizia no Brasil… (lembram no Brasil do “Telecatch patrocinado pelo rum Montilla????)


Charisse, you still knock me out!!!!!!!

(A cena é um pouco longa... à partir do terceiro minuto Cyd começa a dançar!!! Puxem a cena para o terceiro minuto!)

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